segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Paso de Jama No Atacama nunca Chove...

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De acordo com o Luiz Acosta: eu peguei o caminho errado...  Verdade!

Incluí alguns comentários em azul a partir de maio de 2012, acompanhe...

Dormi muitíssimo bem em um hotel maravilhoso! Com direito a um banho bem quente de banheira e depois uma ceia de natal ao lado da lareira: Doces lembranças da fazenda onde eu cresci.

Café da manha delicioso, manha fria e nublada. Me movi com calma e fui conhecer Purmamarca...


Depois de resolver o imprevisto da bateria da moto, resolvo voltar para o hotel. Chegando encontro o grupo com cinco motos que eu encontrei ontem no posto de Gasolina, motos todas diferentes, e o piloto da Valkyria esta va se recuperando de um pequeno tombo na curva que fica exatamente na entrada do hotel. Conversei um pouco, ofereci ajuda, disseram que vão fazer exatamente o meu caminho. conversamos um pouco  e fui empacotar minhas coisas. Quer saber? Eu estava rindo por dentro: Valkiria não é moto p fazer isso e bando andando junto só dá merda!  O acidente do tal piloto foi por um erro primário. A cara de cu do sujeito era impagável!












Saí pouco antes do meio dia. A subida da Quebrada de Purmamarca é linda!  Fantástica com a maioria das rochas vermelhas e com outras de todas as cores. A estrada é impecável. Por falar em cenário vermelho, nestas paradas é que foram filmados a maioria dos filmes que se passa em Marte. OU seja: Andei de moto em marte!!!




















Este caminho sobe em direção N e NW até o cume das montanhas (4.200m), daí desce para o vale que forma o deserto de Jama, cruza o salar de Jama e segue mais 60km por uma planície a 3.400m sobe  
a serra de Susques. E eu parava para tirar fotos de qq coisa...  e o tempo passando...




























No Salar de Jama, cristais de sal e casas construídas com blocos de sal!

Reparem no céu...  as nuvens são de uma bigorna de CB, ou seja, a NW de onde eu estava acontecia uma mega tempestade. Eu sabia disso, achei muito legal e vamo q vamo!!!








esta foto foi tirada olhando para o Norte, no cato esquerdo, ou seja a NW, se percebe o mau tempo... ali fica a Bolívia...











Susques é um horror de vila... nem tirei fotos, 4 km depois existe um restaurante que me surpreendeu pela qualidade e ordem!
Logo em frente ao restaurante há um pasto com Llamas!!! A grande vantagem das GS é que vc entra em (quase) qualquer lugar, então fui aborrecer as a vida nativa local.










Quem tem GS vai até ...












As Llamas vivem desta vegetação rala e rara.













O bicho é manso, mas não deixa chegar muito perto. Teem  a minha altura e o pelo é beeeeem grosso. Curiosos ficam me olhando. Há também uns carneiros, quando chego perto percebo que é uma raça muito miúda, eles tem o tamanho de um cachorro pequeno!! Interessante é o pasto, muito pouco de uma gramínea rala, e coberto de uma planta bem pequena que forra o chão de maneira bem fechada, a grande maioria das coisas verdes que vc vê na foto é desta planta. 


















Saindo de Susques vem um sobe  e desce e  vira e vai, tudo vermelho, imagino isto em um dia de sol pleno! Este trecho segue para o sul, cruza mais um salar e depois vira para NW em direção ao Paso de Jama. Nesta descida, se vê além deste vale, as mais altas montanhas da região. E o curioso é que existe uma senhora tempestade acontecendo lá....  para falar a verdade, duas: uma ao norte gigantesca, cuja bigorna já escurecia todo o vale e uma mais ao sul, uma frente quente. Não há como negar, a coisa toda é linda, com relâmpagos maravilhosos e fazendo montanhas gigantescas parecerem pequenas. Naquele dia acontecia a maior tempestade do ano na Bolívia... o ruim daquilo é que as nuvens bloquearam o sol, ajudando a esfriar o altiplano e a chuva toruxe muita umidade á regiaão toda!  Foi um fenomeno comum nesta época do ano. Mas em nenhum texto , site, blog ou sei lá onde mencionava isso!!!! E eu perdi horas importantes da manha em Purmamarca.

Quanto mais tarde, menos sol, umidade e como veremos muito menos calor.

Neste vale percebo algo curioso: não sinto o vento. Estou a 140 ou 160 e há pouca turbulência...  reduzo para 80 e estico o braço esquerdo. SEM nenhuma resistência!! Paro a moto e o óbvio e sinistro: um vento de 80kmh pelas costas, me empurrando para a tempestade no sul!

Logo Viro para W, encaro o vento de lado por uns 25km até a sombra de uma  montanha. Paro porque vou começar a subir, vai esfriar e eu vou colocar TODOS os casacos. Há mais um grupo de Llmas e um motorista de carreta para conversar comigo. 

Ele vem do Peru, portanto passou por San Pedro. Me diz que para frente está frio, chove fino, nada que incomode e que no vale do deserto está sol e muito quente. OK... Vamos lá.



















estufado de tanto casaco!!!














Desde as Llamas até a aduana Argentina foram cerca de 80 km. A chuva foi piorando e a temperatura em torno de 12C. Nada que incomodasse além da pouca visibilidade em um lugar especial.















Chego na aduana e lá Chooooveeeeee...   faço os procedimentos sem menor problema e muito bem atendido. Embora tivesse autonomia resolvo abastecer e comer algo quente. Sábia decisão...
Eu estudei muito este trecho...  sabia cada lugar o que era q o que havia...  mas não dava para ver nada!!  Eu deveria é ter DORMIDO lá!!!!!

Saindo da aduana se sobe até 4.000m mais uma vez até um platô que separa o Atacama  chileno das montanhas de Jama. E a chuva continua...  a temperatura cai para 9C a 4.300m, existe granizo grosso no chão... faltam 110 km até o hotel.
Inocentemente, eu esperava que tudo ia secar e fazer um por do sol lindo!  A cada serra eu esperava que a coisa estivesse seca e ensolarada. Será q era algum tipo de mal da altitude ter continuado sem voltar???




A coisa não piora... o que piora é meu bom humor que deixa de ver graça naquilo tudo. Passou a festa de passar frio e chuva no topo do mundo!
Eu tinha informações de que logo logo a coisa ia melhorar... afinal, NUNCA CHOVE no Atacama...  rumpfff.













A altitude fica entre 4.000 e 4.600m. Para vc leitor ter noção, aqueles Boeings saindo de São Paulo estão a no máximo 2.700m.

O clima piora. A chuva é substituída por uma poderosa neblina. Minha velocidade que já era baixa cai ainda mais. Imagino que a aduana fecha as 20:00 e começo a me aborrecer com o horário. O aquecedor de manoplas de GS está no máximo e eu nem sinto a coisa funcionar.  Junto com a velocidade cai a temperatura. 


 Em um ato de masoquismo, eu vou fotografando o termômetro e o altímetro... não havia nada mais para fotografar.

muito medo de passar um brasileiro na contramão!!!


























Cerca de 80 km fora, as nuvens dão uma trégua e percebo que estou rodeado de picos totalmente nevados. Lindo né!!  Pena que eu estou com muito frio e totalmente só. E continuo subindo... Os picos traziam um ar fantasmagórico.















Quer saber... depois da euforia de ver picos nevados ( a euforia dura 5 segundos...) meu deu uma verdadeira paúra: se eu parar aqui não vou ter nenhum tripulante para canibalizar!!!

Levo a moto com uma mistura de rapidez e cuidado extremo, não posso cair de maneira alguma, pois eu não levanto ela sozinho e não posso demorar aqui. Passo por dois ônibus quebrados e abandonados. A temperatura naquela noite foi de coisa de menos dez no altiplano. Dormir ali teria sido...

Enquanto eu penso em tudo isso, a temperatura  cai para 1,5C. No painel da moto aparece o aviso sobre formação de gelo na pista. Era tudo que precisava agora. Eu andava com  o pé arrastando nas poças de água para saber se elas tinhas congelado, o que se chama de gelo negro que escorrega demais!!

Não demora e eu vejo Neve. Deu para ver bem porque a neve é mais clara que a neblina. E a pista ainda mais escura... só isso que dava para ver...












Paro para mais uma sessão de fotos...  e a altitude não diminui: entre 4.200 e 4.600. Eu estava agasalhado. Mas não para aquilo!

Pela primeira vez na vida eu senti frio: lábios e boca dormentes, bochechas ardendo do vento ( o capacete tinha q ficar aberto, ele não embaçava, ele congelava mesmo ), ponta dos dedos doendo demais. Pernas geladas. Pés quentes e secos. Se eu tremesse de mais a moto tremia junto. E a tremedeira me deixava ofegante. E a altitude subindooooooo.

Quer saber? Deu muito medo!!!

Eu marquei no GPS uma certa curva onde seria a maior altitude da viagem, 4.820m. Vi que estava a coisa de dois km deste ponto. Daí em diante iniciaria a longa descida que leva a San Pedro, que está a 2.400m, faltava muito pouco. Comecei a rever o plano de voo e me lembrei que há 30Km do hotel está o Vulcão Lincabur e uma descida quase reta de 2.000m.

A altitude começou a cair e eu festejava cada grau de temperatura que subia!!  Quando marcou dez graus eu fiquei feliz: de frio eu não morria mais! 

Dito e feito. Passado o tal ponto no GPS a altitude começa a baixar, algumas curvas, a altitude diminui devagar mas constantemente, parou a chuva fina, sumiu a neblina e à minha direita surge o pé do Lincabur, totalmente coberto de neve.

Com 3.500m a visibilidade abre para o vale e o sol aparece fraco atrás das nuvens, temperatura 18C. Pronto acabou.






Chegar à aduana, que fica na entrada da cidade é uma alegria!  Encontro mais oito motos, incluindo o grupo que estava (com o cara que caiu...)em Purmamarca. Nos cumprimentamos todos, como se estivéssemos sobrevivido a uma batalha. Havia várias atitudes, um de rrarlei e jaqueta de couro fashion, bordada "Born to be Wild" chorava de lágrimas dizendo que acreditava que ia morrer, um casal paranaense achou aquilo tudo o máximo, a menina mal sentiu frio... foi uma confraria curiosa: éramos os sobreviventes da tempestade nos andes...  

A turma a aduana no maior bom humor conosco e eu não parava de tremer de frio, mesmo com 28C. Deixei o Iphone cair da jaqueta e o vidro quebrou. Mais um assunto estressante: fiquei sem telefone! Mas graças à Deus e à Difunta Correa este foi a única coisa a se quebrar neste dia.

Agora é só encontrar onde fica o hotel neste fim de mundo, descobri que a cidade é um Labirinto!!!









Veja o vídeo desta etapa:


Um comentário:

  1. Hola Francisco, hoy estuve contigo acompañandote en Antofagasta en la sobremesa. Tus fotografias son hermosas y el viaje que haz realizado es toda una gran aventura, con alturas extremas y climas extremos, con esa belleza despoblada y de pristinos colores, muy típica del Altiplano.
    Que tengas un muy buen viaje de retorno a Sao Paulo:
    Boris Kuzmicic: bkuzmicic@gmail.com

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